Fenomenal banda de Thrash Metal que conseguiu o que pode ser considerado um feito: demonstrou versatilidade e mesmo irreverência em um estilo tão sério e geralmente delimitante. Infelizmente, nunca recebeu o reconhecimento que tanto merecia.
Formada no final dos anos 70, a banda só viria a gravar seu debut uma década depois. Até então, eles eram conhecidos apenas como Wrathchild, mas devido ao fato de já existir uma banda de glam metal na Inglaterra com o mesmo nome, acrescentaram o 'America'.
3-D, o segundo e último álbum, foi lançado em 1991, ano em que o grunge lamentavelmente varreria o metal do mapa. Ainda que bandas como Sepultura, Pantera e Corrosion of Conformity tenham se mantido fiéis ao estilo e conseguido permanecer relevantes (pelo menos por mais alguns anos), não foi o caso com o Wrathchild America. Após o lançamento do álbum e a fraca repercussão do mesmo (devido ao advento do grunge certamente), a Atlantic Records dispensou a banda, que em seguida mudou o nome para Souls at Zero e adotou uma sonoridade mais grunge, resultando num híbrido de grunge/metal, extremamente genérico, no entanto. Nem de longe se compara ao formidável Wrathchild America.
Mas enfim, quanto ao álbum em questão, este simplesmente não deve em nada aos clássicos do gênero (Reign in Blood, Master of Puppets, Peace Sells, The New Order, etc). Aliás, é superior em vários aspectos. Além de peso e pegada muito boas, com bastante técnica e precisão (como era de se esperar das grandes bandas de Thrash), os caras mantêm a mente aberta, introduzindo elementos não muito comuns de se encontrar no estilo, mas que produzem excelentes resultados: a faixa Spy, por exemplo, conta com uma frase de swing dos anos 20! E não pára por aí. Encontramos, no decorrer do álbum, compassos quebrados, música clássica e até reggae, entre outras agradáveis surpresas, tudo devidamente dosado com um toque de irreverência (como podemos constatar, por exemplo, na hilária faixa blues 'I Ain't Drunk, I'm Just Drinkin'', que encerra o álbum de maneira divertida).
Obviamente que nem tudo é brincadeira. Temos excelentes petardos como Draintime e Surrounded by Idiots, entre outros, representando o lado mais 'puto' do álbum, por assim dizer. Afinal de contas, sem indignação e inconformismo, uma banda não pode ser considerada Thrash, certo?
Destaque para as faixas: Spy, Draintime, Surrounded by Idiots, Another Nameless Face, 11 e I Ain't Drunk, I'm Just Drinkin'.